segunda-feira, 29 de maio de 2017

Resenha - Felizmente, o leite

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Felizmente, o leite
Neil Gaiman
Número de páginas: 128
Editora: Rocco Jovens leitores
Classificação: 
Sinopse: Uma prosaica ida até o mercado se transforma numa incrível aventura no mais recente livro infantil do celebrado escritor britânico Neil Gaiman, que coloca um estranho objeto prateado no caminho de um pai que só queria comprar um pouco de leite para o café da manhã. Aliás, aquele disco prateado gigantesco estacionado em plena rua Marshall, com seres verdes um tanto gosmentos e bastante ranzinzas querendo reformar o (nosso) mundo, é só a primeira de muitas surpresas que esperam pelo zeloso pai de família na história, que inclui ainda viagens no tempo e no espaço num balão, um dinossauro inventor, navios piratas, vulcões e outras maluquices. Será que o café da manhã das crianças está a salvo? Com ilustrações incríveis de Skottie Young, Felizmente, o leite é uma história de fantasia com uma boa dose de nonsense e o senso de humor peculiar de Neil Gaiman.


Minha opinião



Eu sou uma verdadeira apaixonada pelas obras do "tio" Neil Gaiman. Não importa pra qual público ele escreva, eu amo todos os seus livros. Por isso, vim falar um pouquinho para vocês sobre Felizmente, o Leite, um infanto juvenil super leve e divertido. É aquele livro ideal para quem está precisando sair da famosa ressaca literária.


Ter leite para o café da manhã é uma das coisas mais normais em muitas casas. Aqui na minha pelo menos é sagrado tomar um bom café com leite toda manhã. No livro não é muito diferente: os dois filhos estão acostumados a tomar leite na sua refeição matinal. E sempre há leite na geladeira. Ou quase sempre. A mãe vai viajar, e deixa os filhos com o pai, então o leite acaba, e, para salvar o dia, e o café da manhã o pai sai para comprar mais leite. O que era pra ser uma simples ida no mercado acaba demorando muito mais que o previsto. 

Finalmente, quando ele retorna, os filhos querem saber o que aconteceu para ele ter demorado tanto. E é aí que ele começa a narrar sua incrível jornada. Dinossauros, E.T.s, Piratas, viagens no tempo e algumas piranhas. Foram tantas as peripécias que é difícil dizer o quanto foi difícil para o pai chegar em casa com o leite, mas ele conseguiu!



O livro é bem curtinho e super fluído o que me fez devorá-lo em uma tarde. Mas a cereja do bolo para mim foram as ilustrações contidas nas páginas do livro, sempre ilustrando as situações inusitadas que o pai encontrou pelo caminho. Não posso falar muito mais sobre, para não dar spoilers sobre o que acontece nessa jornada inusitada, mas posso afirmar que esse livrinho é daquele tipo que você lê e recomenda para todas as idades. Fofo, engraçado e muito amorzinho. ♥

sexta-feira, 10 de março de 2017

Resenha -



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O Filho de Mil Homens
Valter Hugo Mãe
Livro cedido pela editora
Número de páginas: 224
Editora: Biblioteca Azul
Classificação: 
Sinopse: A edição de O filho de mil homens traz novo projeto gráfico e prefécio de Alberto Manguel. Quinto romance do escritor no Brasil, o livro reflete sobre o prazer do amor incondicional, que o ser humano parece buscar para preencher o que lhe falta. Pescador que vive em um vilarejo litorâneo, Crisóstomo, ao chegar aos 40 anos, sofre com o fato de não ter tido um filho e sai em sua busca. Desejava um herdeiro que pudesse, além de lhe aplacar a solidão, ser testemunha do que ele próprio se tornou, com as alegrias e tristezas de sua trajetória. A todas as fantasias patriarcais contidas na obra, Mãe contrapõe, segundo Manguel no prefácio, “outra mais nobre e concretizável: a fantasia de um filho de mil seres humanos, tanto homens como mulheres. A essa definição correspondemos todos”.


Sobre o Livro

O pescador Crisóstomo, 40 e solteiro, deseja muito ter um filho. Por sorte, encontra Camilo, um menino de 14 anos, que foi adotado pelo velho Alfredo, que acabou de morrer, depois que sua mãe, uma anã que era estuprada, constantemente, por 15 homens da aldeia, morreu no parto. 

Isaura, uma jovem moça muito delicada, sede sua virgindade antes do casamento e, logo depois disso, seu noivo vai embora e nunca mais volta. Sua mãe e seu pai sofrem com o acontecido e dizem que a honra da família está perdida. Isaura carrega consigo uma culpa enorme pelo ocorrido, o que a torna uma pessoa triste. Até que encontra Antonino, um maricas que resolve casar com ela para fazer a felicidade de sua mãe, Matilde. Matilde acredita que é culpada pelo fato do filho ser maricas.

Rosinha, que trabalha para Matilde, é mãe de uma menina de sete anos e deseja profundamente casar-se com o velho Rodrigues, porém o destino coloca em seu caminho o viúvo Gemúndio, um senhor que tem muitas terras e que precisa de uma mulher para cuidar de sua casa.

Assim, esses personagens vão aos poucos ligando suas vidas uma as outras, transformando suas lutas e seus sofrimentos em uma linda busca pela felicidade. 



Minha opinião

O foco principal está em Crisóstomo, porém o autor apresenta várias histórias, que inicialmente parecem secundárias e independentes, e enquanto lemos, elas vão ligando-se a do pescador de uma forma comovente e muito coesa. O modo como o autor liga uma vida a outra é muito bonito. Aparentemente são vidas que não tem nada em comum, mas isso é mero engano todos estão ligados pelas angustias que carregam e pela busca de algo que preencham o vazio de seus corações.

Valter apresenta-nos personagens cheios de imperfeições, sofrimentos e angustias. Contudo todos com uma vontade de viver incrivelmente linda. Fiquei surpresa com o modo que o autor trabalha com os personagens e o modo como ele os expõe. Todos são super bem construídos e estruturados. Enquanto eu lia, ia me sentindo pequena ao comparar minha vida a dos personagens. Impossível não sentir as dores apresentadas por eles, não ficar aflita e de coração apertado com suas lutas diárias.  

O autor trabalha com temas importantes, como preconceito, machismo, tristeza, mas principalmente com a solidão. Valter usa o velho e o novo conceito de família como base para expor esses tópicos, assuntos que estão em discussão hoje em dia. Em contraste a esses pontos, Mãe mostra que, mesmo inseridos em um mundo cheio de maldades e julgamentos, a esperança, o perdão e especialmente o amor podem transformar vidas.

A escrita do Valter e poética, profunda, emocionante e bonita. Uma leitura com certeza muito intensa e sensível. Pela profundidade com que o autor trabalha e expõe os problemas e os sentimentos dos personagens, O Filho de Mil Homens é um livro que deve ser lido quando seu coração estiver leve. Caso contrário, você pode se sentir deprimido, como eu me senti em muitos trechos da história. Contudo, quando cheguei ao fim, o sentimento de plenitude tomou conta do meu coração e senti-me feliz por ter acompanhado a trajetória de personagens tão reais que pareciam estar fora do livro. 


segunda-feira, 6 de março de 2017

Resenha - A Fúria e a Aurora

A Fúria e a Aurora
A Fúria e a Aurora #1
Renée Ahdieh 
Livro cedido pela editora
Número de páginas: 336
Editora: Globo Alt
Classificação: 
Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado.
Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga.
Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto
 


Minha opinião

A maioria das pessoas já ouviu falar sobre a Sherazade, grande contadora de histórias que conseguiu manter-se viva contando histórias para seu rei, noite após noite, durante 1001 noites. Bem, neste livro não temos a mesma Sherazade, mas uma nova roupagem da história tão bem conhecida por tantos.

A nossa protagonista de A Fúria e a Aurora é destemida e está cheia de ódio: sua melhor amiga, Shiva, foi uma das noivas do Califa. Uma entre tantas moças que se casaram com o rei, e foram mortas na aurora. Sendo assim, buscando vingar a morte de Shiva, Sherazade se voluntaria para ser a próxima, mas ela não pretende morrer, e sim matar o rei monstro e por um fim ao assassinato de tantas jovens. Contando uma história, ela consegue ganhar mais um dia de vida, e com essa história somada à sua personalidade, ela consegue ganhar o próximo dia, e assim o impensável e feito: ela estava vivendo.

Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, aos seus 18 anos de idade é mais odiado que muitos homens no final de sua vida. Ele matou milhares de jovens sem nenhum motivo aparente. Mas, é um rapaz cheio de segredos, um personagem calado, que a princípio dá mais espaço para que Shazi fale, e como ela fala.

Outro personagem de destaque é o Tariq. Desde os 12 anos, ele e Shazi são apaixonados, e Shiva era prima dele. Quando recebe a notícia que seu amor casou-se com o rei monstro, ele decide ir resgatá-la e matar aquele que ele acredita que vá tentar fazer mal a ela. Ele é impulsivo, e um péssimo mentiroso, mas suas intenções são nobres. Apesar de que, já digo a vocês, não torci para o sucesso dele.

"Na minha vida, a coisa mais importante que aprendi é que ninguém alcança a plenitude de seu potencial sem o amor dos outros. Não fomos feitos para ser solitários, Sherazade. Quanto mais uma pessoa afasta os outros, mais evidente se torna a sua necessidade crítica de ser amada."

O livro é cheio de quotes maravilhosas e o mundo criado por Renée é impressionante e belo. Cada personagem possui o seu próprio jeito e vai crescendo ao longo da trama, ganhando nosso afeto aos poucos. Meu coração ficou apertado em vários momentos, e eu fiquei bem dividida sobre algumas coisas, mas, acho que universalmente, todos nós torcemos pela redenção dos personagens, e pelo amor. Estou soando até meio piegas, mas é a verdade.

A editora fez um trabalho belíssimo com o livro, não só seu exterior é lindo, como os detalhes contidos em suas páginas. Encontrei um pequeno errinho de concordância que me incomodou bastante na leitura, mas nada que prejudicasse a obra como um todo.

A história termina bastante aberta e nos faz ansiar pela sua continuação. Preciso saber o que vai acontecer com a Shazi, a Tariq, ao pai da Shazi, a Khalid, e até a Despina, a camareira e espiã mais improvável que você vai encontrar pela literatura. Uma fantasia que se mistura perfeitamente com romance. Uma leitura fluída, que até me surpreendi com a rapidez que devorei todas as páginas do livro. Uma recomendação para todos aqueles que amam releituras e universos bem construídos.
 
Livrologias, por Camila Teixeira © 2015
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