quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Resenha: O palácio de Inverno



O palácio de inverno
Autor: John Boyne
Tradução: Denise Bottmann
Numero de Páginas: 456
Editora: Companhia das Letras
Pode-se fugir da história? Será possível viver no anonimato após uma existência de fausto e glória? A vida comum é assim tão diferente da vida pública? Geórgui Jachmenev passou a vida inteira se debatendo com essas questões, e agora, prestes a perder o grande amor de sua vida, tenta encontrar uma resposta para elas ao refletir sobre seu percurso num século XX que sempre lhe pareceu longo demais. Seus feitos começaram cedo: aos dezesseis anos, em ação impulsiva e atabalhoada, o rapaz impediu um atentado contra a vida de ninguém menos que o grão-duque Nicolau Nicolaievitch, irmão do czar Nicolau II, que, agradecido, nomeou Geórgui o guarda-costas oficial de seu filho Alexei, destinado a ser o próximo czar. Uma reviravolta impressionante, que o levou da taiga russa para o fausto dos palácios moscovitas, cenário que, apesar da amplidão e luxo de seus imensos corredores, iria se revelar bem mais inóspito que os frios grotões de sua vida anterior. A dura experiência com esse mundo gélido de intrigas palacianas, às quais sempre era jogado contra sua vontade, e de grandes tensões e responsabilidade só foi apaziguada com a chegada do primeiro amor, Zoia. Mas os tempos eram agitados, e a história deixou pouco espaço para idílios: quando a Revolução Bolchevique tomou de assalto o país, e isolou toda a família do czar numa casa de campo nos arredores de Ekaterinburg, mais uma vez Geórgui teve de agir rápido a fim de salvar a si e a Zoia. A vida com ela lhe custaria pátria, família e prestígio, e ele jamais se arrependeu disso - mas e para Zoia, o que teria custado? Numa narrativa fascinante, em que presente e passado vão convergindo em capítulos alternados, da Inglaterra dos anos Thatcher para a época dos czares russos, e dos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial para o turbilhão da Revolução Bolchevique, acompanhamos Geórgui em meio a acontecimentos históricos decisivos que acabam por se revelar mero pano de fundo para uma história de amor que esconde um grande mistério, talvez maior mesmo que a própria história.
Este foi o primeiro livro que tive a sorte de ler em 2014, comecei com o pé direito! Eu o havia ganhado de aniversário em setembro e demorei 4 meses para lê-lo, que vergonha, estava perdendo tempo. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a capa, e então a sinopse, adoro romances que misturam história e ficção, ao mesmo tempo em que nos divertimos aprendemos algo, e isso é muito interessante.
O livro é narrado sobre a perspectiva de Geórgui Jachmenev, um senhor já de idade que ao longo do livro narra a sua vida. O mais legal é a maneira da narração, um capitulo trata do presente e da história de Geórgui após ter fugido da Russia, enquanto outro narra sua vida de adolescente e ascensão como membro da guarda da família do Czarevich Romanov. A alternância entre o passado e o presente me deixou sem folego, ao ler relatos do passado fiquei curiosa com os fatos do presente, e ao ler os do presente fiquei com a angustia de poder ler logo os do passado, e isso virou um looping infinito fazendo com que eu não pudesse desgrudar do livro até termina-lo. Imaginem que eu estava na praia, com todo aquele sol sonhando com o inverno gelado da Russia e em caminhar ao lado do Rio Neva.
O livro possui diversos personagens que realmente existiram, como Rasputin, a própria família Romanov que era composta pelo Czar Nicolau II, a Czarina Alexandra e seus cinco filhos, Olga, Maria, Tatiana, Anastasia e Alexei e diversos outros monarcas da época. Coisas que de fato aconteceram e boatos que cercavam o castelo e o Czarado na Russia próximo a sua extinção também são ressaltados no livro. O autor encaixa em sua história esses rumores que cercavam o castelo de maneira a transformar tudo que é descrito no livro em uma realidade alternativa totalmente aceitável. John Boyne encaixa fatos e os enlaça na ficção com um tato bastante apurado e de uma maneira que encanta. Quando terminei de ler o livro fui afligida por aquele vazio existencial que só um bom exemplar é capaz de nos causar. Sabe quando você termina de ler uma história e formula na sua cabeça aquela frase: "O que eu vou fazer da minha vida agora?" Então.
O casal ancora do livro é totalmente encantador e me fez chorar muito, logo de inicio já descobrimos de que maneira a história vai se fechar, mas só no fim recebemos uma grande revelação. (Embora eu super desconfiasse desde a primeira página. rs)
Gueórgui em certo momento da sua vida começa a trabalhar na Biblioteca do Museu Britânico e como louca por biblioteconomia que sou só me apaixonei ainda mais pelo personagem, que assim como nós não resiste a uma boa leitura e se sente feliz em meio a tantos livros.

Alguns trechos da narrativa que me impressionaram:


"– Vocês não acham que é uma ironia — replicou ela, avaliando minhas palavras — que todos aqueles garotos concebidos num grande transbordamento de amor e desejo, quando a Grande Guerra terminou, estarão na idade certa de combater quando começar a próxima? É quase como se Deus só tivesse feito essas criaturas para lutar e morrer. Para ficar na frente dos rifles e tomar os tiros que voam até eles. E realmente uma piada."
"Revirei mentalmente os olhos ao ouvir isso; achava extraordinário que os dirigentes desses países mantivessem uma relação familiar tão íntima entre eles. Era como se toda a questão não passasse de uma brincadeira infantil: Gui, Georgie e Nicky correndo num jardim, montando seus fortes e soldadinhos de brinquedo, desfrutando uma tarde bem movimentada até que algum deles passasse dos limites e um adulto responsável viesse separá-los."
"– Não. Não é porque ela resolveu trabalhar numa biblioteca que isso significa que seja alguma flor ultrassensível da qual ninguém pode chegar perto, pois se arroxearia de vergonha, entendeu?"
(Me senti totalmente feliz em ver que John Boyne não segue os estereótipos sempre colocados quando se fala de bibliotecários/as)
É o que me basta para dar risada. Fecho a porta e sento de novo, avaliando a cena e, de fato, ela me parece tão engraçada que rio até chorar.E, quando surgem as lágrimas, eu penso aah...Então é isso que significa estar sozinho.

O Palácio de Inverno é um livro sobre guerra, amizade, lealdade e acima de tudo amor. E é com certeza um livro que merece ser lido, tanto pela sua riqueza em detalhes do contexto histórico quanto pelo seu romance arrebatador. Esse é um livro para todas aquelas pessoas bobas, como eu, que acreditam que o amor verdadeiro é para toda vida.

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20 comentários:

  1. Desde que lançou este livro estou curiosa para lê-lo e agora com a sua resenha a curiosidade aumentou ainda mais. Ótima resenha!


    Adorei seu blog e já estou seguindo!

    Beijos, Jac
    http://behind-thewords.blogspot.com.br/

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  2. Que linda história!!! Acredito que o livro é imperdível!!! Amei a sua resenha :D

    Te seguindo e curti a sua fan page :D

    Ariana Silva
    http://ariabooks.blogspot.com.br/
    https://www.facebook.com/ariabooks

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  3. Gosto de livros que nos leva a viver coisas que não chegamos a viver, não algo surreal, mas algo verdadeiro e duro como uma guerra. Acho que este livro não é diferente, adorei seja a sinopse, a resenha ou os quotes que você separou e compartilhou conosco. O engraçado nunca tinha ouvindo falar nele, mas me senti bastante atraído para ler.
    Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  4. Adorei sua resenha e a li, embora já tenha lido o livro. Gosto de comparar opiniões. Confesso que eu fiquei completamente surpresa com a revelação porque não desconfiava. Sobre John Boyne... considero o cara um mestre, as pessoas o conhecem muito por O menino do pijama listrado, mas O garoto no convés, Noah foge de casa e O palácio de inverno (não cito mais porque só li estes) são livros que mostram o quanto ele escreve bem e como consegue entrelaçar tão bem o real e o fictício nas suas histórias com tramas alternativas que se encaixam perfeitamente.
    Curso Museologia, mas tenho um pé (de fé) em Biblioteconomia, mas por causa da paixão por ciências de informação. Se bem que, quem trabalha com atendimento ao público nas bibliotecas são os estagiários, os bibliotecários (e estou fazendo essa colocação por causa do quote que você postou) ficam nos setores administrativos e de pesquisa.

    Também tenho um blog! E esse livro também já foi resenhado lá..
    www.amorporclassico.com

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    1. Nossa eu esperava desde antes de ler, sei lá, tinha um pressentimento.AHAHA
      Acho ele incrível também!
      Bom, depende, eu curso Biblio, aliás acho museo <3 rs, e depende da biblioteca, na em que trabalho a bibliotecária chefe adora fazer atendimento e é toda desenvolta, então, é um exemplo que tenho para mim. rs

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  5. Não conhecia o livro, mais me interessei pela história. Vou pesquisar mais um pouco e procurar por outras resenhas e quem ler em breve :)
    Brubs
    contodeumlivro.blogspot.com.br

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  6. Adorei a capa desse livro. Foi um dos motivos que me fez ler a resenha todinha. Adoro guerra, muita morte, amor. Sempre muito bom.
    Parabéns pela resenha muito bem feita. Amei seu blog demais :D
    Bastante organizado e com conteúdo
    Visite-nos, se gostar, quiser e for seguir, pode nos avisar. Seguimos de volta :D
    M&N | Desbrava(dores) de livros

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  7. Já li um livro desse autor e adorei, pleo jeito esse é muito bom. Atualmente estou lendo um livro que tem tudo isso guerra, amizade, lealdade e acima de tudo amor.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  8. Oi meu bem! Parabéns pelo blog! Adorei!
    Eu confesso que não sou a maior fã de romances, mas tudo o que envolve história me atrai. A capa desse livro me deixou completamente curiosa e, depois que li a resenha, boa demais, não consigo mais me segurar. Tenho que ler esse livro! kkkk
    Um beijo ;*

    Juliana . Oliveira
    http://trocandoconceitos.blogspot.com.br/

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    1. Ele não é nem de longe um água com açucar, merece ser lido!

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  9. Esse livro está definitivamente na minha lista de futuras leituras. Todas as pessoas confiáveis que acompanho os Blogs falam bem, e agora você! Essa forma com que o passado e os acontecimentos se entrelaçam e mudam me atrai muito, além de que eles trazem o contexto histórico atrelado à trama fictícia. Isso é incrível.
    Adorei a resenha! Adorei mesmo. Você resenha bem. *-*
    Beijão!


    Achou o Quê?:
    http://achouoque.blogspot.com.br/

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  10. adorei a resenha fiquei doida para ler parece ser ótimo bjos

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