domingo, 1 de junho de 2014

Resenha - A Terra Inteira e O Céu Infinito


A Terra Inteira e O Céu Infinito
Autor: Ruth Ozeki
Tradução: Débora Landsberg, Daniela P. B. Dias
Numero de Páginas: 416
Editora:  Casa da Palavra

O que acontece quando um diário perdido encontra o leitor certo? Numa remota ilha do Canadá, a escritora Ruth cata mariscos com o marido na praia quando se depara com um saco plástico coberto de cracas que envolve uma lancheira da Hello Kitty. Dentro, encontra um livro de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, e se surpreende ao descobrir que o miolo, na verdade, é o diário de uma menina japonesa, Nao. A sacola misteriosa, segundo os rumores dos habitantes, é mais um dos destroços do último tsunami que devastou o Japão e foi levado pelas correntezas até a ilha.Desde então, Ruth é tragada pela história do diário de Nao, uma menina que, para escapar de uma realidade de sofrimento – de bullying dos colegas e de um pai desempregado e suicida –, resolve passar seus últimos dias lendo as cartas do bisavô, um falecido piloto camicase da Segunda Guerra Mundial, e contando sobre a vida da avó, uma monja budista de 104 anos.O que Ruth não esperava era que o diário iria levá-la a uma viagem onde ela e Nao podem finalmente se encontrar fora do tempo e do espaço.“Uma obra muito bem escrita sobre magia e perdas e os fios incompreensíveis que ligam nossas vidas. Amei.” - Elizabeth Gilbert - Autora do best-seller Comer, Rezar e Amar “Magnífico... São personagens que nos tocam profundamente e nos dão lições de vida essenciais através da magia de contar histórias. Uma obra-prima, pura e simplesmente.” - Kirkus Reviews “A voz de Nao Yasutani, uma estudante de dezesseis anos, é o coração e a alma deste livro muito gratificante... O estilo japonês contemporâneo e o uso do realismo mágico lembram o autor Haruki Murakami.” - USA Today
Quando comecei a ler A Terra Inteira e o Céu Infinito eu já pude perceber que esse não é um daqueles livros leves que você lê de uma vez só, ele é denso, mas incrivelmente encantador!
Outra coisa que descobri ao longo da minha leitura do livro de Ruth Ozeki foi que esse livro não seria tão fácil de resenhar. Mas vou tentar o meu melhor ok?
O livro narra ao mesmo tempo três histórias, é escrito em alguns momentos em primeira pessoa, em outros, terceira. Agora você deve estar se perguntando: "Como isso Camila?" Bom deixa eu explicar, a história toda começa quando Ruth Ozeki, uma escritora que vive com o marido em uma ilha muito pequena do Canadá encontra na praia um pacote, ela acredita ser só lixo, mas se vê tentada a abri-lo, quando o abre descobre lá dentro uma lancheira da Hello Kitty, onde se encontra um livro francês que quando aberto revela-se o diário de uma jovem japonesa chamada Nao Yasutani. (Sim eu sei que essa frase ficou super confusa, mas o livro é interessante exatamente por isso, vamos descobrindo uma coisa dentro da outra o tempo inteiro!) É aí que os diferentes tipos de narrativas nos são apresentados.

Alternando-se em capítulos, vamos descobrindo mais da vida de Ruth, ficamos sabendo que se mudou para a ilha para que pudesse cuidar da mãe que sofria de Alzheimer mas que faleceu a algum tempo, descobrimos que ela tenta escrever um livro de memórias, mas que um bloqueio terrível se encontra entre ela e o livro que a muito não consegue escrever. Também conhecemos seu marido e seu gato, ambos personagens engraçados e intrigantes, seu marido parece sofrer algum tipo de fobia social e o gato procura estar sempre por perto dele. Ruth fica extremamente intrigada com o diário de Nao, e começa a lê-lo, toda vez que ela o lê temos o novo capitulo que se trata da narrativa de Nao, lemos junto de Ruth a história e a vida de Nao contada a partir da perspectiva da adolescente. Mas Nao não é uma garota que escreve um diário despretensioso sobre a sua vida, embora fale bastante sobre ela também. Nao quer escrever sobre sua avó, uma monja budista, que Nao julga ter uma vida extremamente interessante por ser uma mente progressista em tempo bastante antiquados do Japão.
"Não ligo de imaginar o mundo sem por que não sou excepcional, mas detesto pensar no mundo sem a velha Jiko. Ela é totalmente unica e especial, como a ultima tartaruga de Galápagos ou outro bicho antigo mancando pela terra seca, que é o único exemplar restante de sua espécie." Nao - pág. 29 (E-Book) 
O livro é extremamente sensível, descobrimos bastante da vida e dos relacionamento de Nao, é uma jovem atormentada por problemas que não dependem dela para se resolver, e também adentramos no mundo de Ruth que leva uma vida calma mas é acometida pelo sofrimento do seu passado. 
O que achei de mais legal em A Terra Inteira e o Céu Infinito foi o paralelo traçado entre a cultura Japonesa e a Americana, vamos aos poucos reparando em como os costumes Orientais são diferentes dos nossos. No livro existem muitas notas-de-roda-pé que explicam termos em japonês e kanjis apresentados ao longo do livro. Eu imagino que tenha sido um trabalho muito árduo de tradução e queria poder abraçar essas moças que traduziram, por que de alguma maneira, nas notas-de-rodapé elas se incluem no livro, colocando as coisas da maneira que elas vêem ser apresentadas na narrativa.
"Zuibun nagaku ikasarete itadaite orimasu ne - "Estou viva há muito tempo, não é?" Impossivel traduzir, mas a nuance é algo parecido com: Eu fui causada a viver pelas condições intensas do universo, pelas quais sou humilde e profundamente grata. P. Arai chama isso de "tempo de gratidão" e diz que a belez dessa estrutura gramatical é que "não existe dedo apontando uma fonte". Ela também diz: "É impossivel sentir raiva durante o uso desse tempo"" Nota-de-rodapé nº18 - pág. 32
Nao e Ruth vão aos poucos se ligando, Nao sempre busca se comunicar com o possivel leitor de seu diario e Ruth acaba ficando obcecada por descobrir quem é Nao, e o que aconteceu a menina. Tudo é ainda mais delicado pois a história se passa anos após o incidente nuclear na Fabrica de Fukoshima e ao Sismo e a Tsunami de Tohoku. As coisas que aparecem na praia geralmente são oriundas de destroços desse acidente e Ruth se vê preocupada com a menina japonesa a quem ela só conhece através de seu diário. 
A história é envolvente e delicada, em determinado momento é introduzido no livro o realismo fantástico e isso só serve para deixar a história ainda mais envolvente e emocionante!
'O Japão não é um bom lugar para ser livre em qualquer aspecto, por que ser livre significa apenas estar completamente sozinho e por fora." Nao - pág. 86 (E-Book)
Se você tem interesse por cultura Oriental esse livro é um prato cheio! Sincero e emocionante, mesmo que as vezes denso é capaz de provocar diferentes tipos de reações. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei.

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8 comentários:

  1. Nossa estou encantada com este livro quero ler o mais rápido possível,pois sou apaixonada pela cultura oriental,muito boa tua resenha deu perfeitamente o tom do livro adorei.

    http://derlai.blogspot.com.br
    http://derlaine1.wordpress.com
    www.facebook.com/gavt9?fref=ts

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  2. Gostei bastante da resenha, o livro é muito interessante e me atraiu bastante, entrou na (longa) lista de próximas leituras. Ele parece ser bastante intenso e mexe com os sentimentos de quem o lê através dos relatos de seus personagens.
    Abraço.
    chacomresenha.blospot.com

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  3. Amei a sua resenha e a premissa do livro. Estou precisando de um livro mais denso e cheio de conteúdo como esse.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de junho

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  4. Adorei a resenha.
    E fiquei encantada com esse livro. Já estou adicionando à minha lista de próximas leituras.
    Parabéns pela forma como você escreve.
    Beijos,
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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