Resenha - Orange is The New Black

Orange Is The New Black

Autor: Piper Kerman

Tradução: Lourdes Sette, Cláudio Figueiredo

Numero de Páginas: 304

Editora:  Intrínseca

Quando era jovem, tudo o que Piper Kerman queria era viver novas experiências, conhecer pessoas diferentes e descobrir o que fazer com o diploma recém-adquirido da prestigiosa Smith College. Anos depois, com um bom emprego e prestes a se casar, ela recebe uma visita inesperada - a polícia. Piper estava sendo intimada para responder por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. A acusação era verdadeira - recém-formada, Piper teve um caso com uma traficante glamorosa que a convenceu a levar uma maleta de dinheiro para a Europa. Sua aventura pelo submundo do crime voltou à tona no dia em que a polícia bateu à porta dela. Depois de uma dolorosa odisseia pelo sistema judiciário americano, Piper acabou condenada a quinze meses de detenção numa penitenciária feminina no meio do nada - longe dos amigos, da família e de tudo o que ela conhecia. Em 'Orange Is the New Black', Piper apresenta casos curiosos, perturbadores, comoventes e divertidos do dia a dia no presídio. Cercada de criminosas, logo percebe que aquelas mulheres são muito mais complexas do que ela imaginava. Ao mesmo tempo que aprende a conviver com regras arbitrárias e um rigoroso código de conduta, Piper revela as alegrias e angústias das presidiárias e analisa a crueldade com que o sistema carcerário as desumaniza e faz com que sejam invisíveis ao mundo exterior.

Está sendo difícil para mim escrever uma resenha sobre esse livro, só agora já escrevi e apaguei pelo menos umas três vezes. AHAHA É muito complicado pois é um livro que meche com os sentimentos e emociona simplesmente por ser real. Comecei assistindo a série no Netflix e me apaixonando pelas personagens e acabei descobrindo que a série se inspirou nesse livro, na verdadeira história da verdadeira Piper e na verdadeira história de todas essas mulheres de verdade. O livro nos faz refletir muito sobre o quanto a justiça é realmente "justa". Piper nos joga fatos como o numero de detentos nos Estados Unidos e a pena minima para crimes que envolvam drogas, e nos faz repensar muita coisa a respeito do sistema carcerário.

O legal do livro é que apesar de ele ser autobiográfico a autora nos apresenta sua história em forma de narrativa, na ordem cronológica, não são apenas lembranças jogadas no papel, ela tem a preocupação de envolver o leitor sem ser massante. 

Para os amantes da série é possível perceber rapidamente as referencias que foram usadas do livro, algumas personagens possuem histórias bastante semelhantes com as dessas mulheres que dividiram o carcere com Piper Kerman. 

Uma das coisas que mais me encantou na história da Piper foi como, apesar dos erros que ela cometeu, seus familiares e amigos estiveram sempre ao seu lado a apoiando. Muitas vezes ela se compara as colegas na cadeia e percebe o quanto ela está em uma situação privilegiada em relação a elas, e em nenhum minuto ela se sente mais importante, ou melhor do que ninguém, tem a consciência de que todas ali são criminosas, fizeram algo errado e estão pagando por seus atos.  

Diversas histórias são apresentadas no livro, Piper conta desde o inicio como se envolveu com o crime, de alguma maneira é bem parecido com o que é relatado na série de tv, ela apresenta sua história sem vergonha, sem medo de ser discriminada, e isso é uma das coisas que mais me atraiu nela. Alguns casos me chocaram um pouco, como o caso em que uma senhora mais velha foi presa apenas por anotar os recados de telefone para o filho que é traficante. No livro nós vamos percebendo que maioria das mulheres são presas por crimes leves, raramente envolvendo violência. São pessoas confusas, ou muito pobres, ou muito sozinhas, ou muito doentes que não tem muita perspectiva na vida, a maioria tem um futuro incerto fora da prisão e Piper nos fala sobre como o sistema é falho nesse momento.

É impossível não se sensibilizar com essas mulheres que erraram, mas que estão cumprindo uma pena, as vezes até muito pesada, e pagando por seus erros. Piper virou meio que uma heroína para mim, ela acabou se envolvendo em uma má situação, e transformou isso em algo bom, ao se ver livre da cadeia ela se juntou a grupos de apoio para ex-detentas, onde ela ajuda essas mulheres sem perspectiva a encontrar um lar, um trabalho, um lugar ao sol. No livro nós vemos que é tudo muito difícil no sistema carcerário e que se essas pessoas não tiverem um apoio provavelmente elas serão reincidentes nesses presídios. Deixei alguns preconceitos para tras e me permiti envolver-me com as histórias dessas mulheres, dessas mães, dessas lutadoras que fizeram tudo errado, que continuam errando, mas são humanas como eu, e assim como eu e você merecem respeito e uma vida digna. 

Eu poderia falar desse livro para sempre, é tão tocante e me deixou com uma baita ressaca, a principio não sabia o que escrever sobre agora quero sair narrando todas as partes engraçadas e emocionantes que li. Acho melhor não né? Vou deixar que vocês leiam e tirem suas próprias conclusões, e espero que assim como eu vocês possam abrir suas mentes e ver as coisas sem os óculos do preconceito.