sexta-feira, 10 de março de 2017

Resenha -



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O Filho de Mil Homens
Valter Hugo Mãe
Livro cedido pela editora
Número de páginas: 224
Editora: Biblioteca Azul
Classificação: 
Sinopse: A edição de O filho de mil homens traz novo projeto gráfico e prefécio de Alberto Manguel. Quinto romance do escritor no Brasil, o livro reflete sobre o prazer do amor incondicional, que o ser humano parece buscar para preencher o que lhe falta. Pescador que vive em um vilarejo litorâneo, Crisóstomo, ao chegar aos 40 anos, sofre com o fato de não ter tido um filho e sai em sua busca. Desejava um herdeiro que pudesse, além de lhe aplacar a solidão, ser testemunha do que ele próprio se tornou, com as alegrias e tristezas de sua trajetória. A todas as fantasias patriarcais contidas na obra, Mãe contrapõe, segundo Manguel no prefácio, “outra mais nobre e concretizável: a fantasia de um filho de mil seres humanos, tanto homens como mulheres. A essa definição correspondemos todos”.


Sobre o Livro

O pescador Crisóstomo, 40 e solteiro, deseja muito ter um filho. Por sorte, encontra Camilo, um menino de 14 anos, que foi adotado pelo velho Alfredo, que acabou de morrer, depois que sua mãe, uma anã que era estuprada, constantemente, por 15 homens da aldeia, morreu no parto. 

Isaura, uma jovem moça muito delicada, sede sua virgindade antes do casamento e, logo depois disso, seu noivo vai embora e nunca mais volta. Sua mãe e seu pai sofrem com o acontecido e dizem que a honra da família está perdida. Isaura carrega consigo uma culpa enorme pelo ocorrido, o que a torna uma pessoa triste. Até que encontra Antonino, um maricas que resolve casar com ela para fazer a felicidade de sua mãe, Matilde. Matilde acredita que é culpada pelo fato do filho ser maricas.

Rosinha, que trabalha para Matilde, é mãe de uma menina de sete anos e deseja profundamente casar-se com o velho Rodrigues, porém o destino coloca em seu caminho o viúvo Gemúndio, um senhor que tem muitas terras e que precisa de uma mulher para cuidar de sua casa.

Assim, esses personagens vão aos poucos ligando suas vidas uma as outras, transformando suas lutas e seus sofrimentos em uma linda busca pela felicidade. 



Minha opinião

O foco principal está em Crisóstomo, porém o autor apresenta várias histórias, que inicialmente parecem secundárias e independentes, e enquanto lemos, elas vão ligando-se a do pescador de uma forma comovente e muito coesa. O modo como o autor liga uma vida a outra é muito bonito. Aparentemente são vidas que não tem nada em comum, mas isso é mero engano todos estão ligados pelas angustias que carregam e pela busca de algo que preencham o vazio de seus corações.

Valter apresenta-nos personagens cheios de imperfeições, sofrimentos e angustias. Contudo todos com uma vontade de viver incrivelmente linda. Fiquei surpresa com o modo que o autor trabalha com os personagens e o modo como ele os expõe. Todos são super bem construídos e estruturados. Enquanto eu lia, ia me sentindo pequena ao comparar minha vida a dos personagens. Impossível não sentir as dores apresentadas por eles, não ficar aflita e de coração apertado com suas lutas diárias.  

O autor trabalha com temas importantes, como preconceito, machismo, tristeza, mas principalmente com a solidão. Valter usa o velho e o novo conceito de família como base para expor esses tópicos, assuntos que estão em discussão hoje em dia. Em contraste a esses pontos, Mãe mostra que, mesmo inseridos em um mundo cheio de maldades e julgamentos, a esperança, o perdão e especialmente o amor podem transformar vidas.

A escrita do Valter e poética, profunda, emocionante e bonita. Uma leitura com certeza muito intensa e sensível. Pela profundidade com que o autor trabalha e expõe os problemas e os sentimentos dos personagens, O Filho de Mil Homens é um livro que deve ser lido quando seu coração estiver leve. Caso contrário, você pode se sentir deprimido, como eu me senti em muitos trechos da história. Contudo, quando cheguei ao fim, o sentimento de plenitude tomou conta do meu coração e senti-me feliz por ter acompanhado a trajetória de personagens tão reais que pareciam estar fora do livro. 


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1 comentários:

  1. Que resenha linda!

    Concordo com você, só de ler a premissa já fiquei triste. Creio que esse é um daqueles livros cheios de ensinamentos que enchem o coração.
    Amei sua resenha, fiquei curiosa com o livro.

    Um super beijo
    Livros em Contexto

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